Resenha Os Sete

# Resenha sobre o livro “Os Sete”. Escrito por André Vianco. Publicado pela Editora Novo Século, 2011.

Para começar: é uma história de vampiros. Mas se você é daqueles que já revirou os olhos porque não aguenta mais vampiros, principalmente depois da Saga Crepúsculo, pode começar a reconsiderar. Aqui vemos os monstros sanguinários das histórias de terror, que buscam vingança e matam, ás vezes, só por diversão.

A história começa em um clima e um ritmo bem intrigante. Senti que os primeiros capítulos foram construídos tão bem que facilmente seriam adaptados para um filme, mas sem deixar de passar as emoções que só são sentidas através da literatura. Os personagens (humanos) começam naquela tradicional busca pela aventura, porém ninguém sabe muito bem onde está se metendo e só passam a ver que tem algo errado quando é tarde demais (humanos fazendo “humanices”). 
Os sete personagens vampiros são, de longe, os que mais me chamaram a atenção. Por ficarem presos em uma caixa de prata por uns 400 anos eles perderam muita coisa, muita coisa mesmo. Viviam em Portugal antes de serem enganados, trancados e enviados para o recém descoberto Brasil. Lá eles tinham um castelo, dinheiro, uma população de vampiros razoável (até começarem a ser caçados), enfim, tudo que uma criatura da noite poderia querer. Ao acordarem novamente, já longe das terras lusitanas, tentam voltar para seu amado castelo nas margens D’Ouro. Claro que eles teriam que causar uma confusão primeiro, e das grandes.

O primeiro vampiro a  acordar é Inverno, que logo providencia uma saída triunfal do galpão onde estava para ser estudado. Leva consigo Sétimo, provavelmente o mais perigoso de todos os vampiros ali presentes, inclusive temido pelos outros. Só para esclarecer: nessa parte Sétimo ainda está morto, por assim dizer, e permanece nesse estágio até a história estar bem adiantada. Descobri que existem outros livros com alguns personagens deste, fazendo com que sejam uma série. Dessa forma, é natural que a história de Sétimo seja aprofundada no livro seguinte que leva seu nome no título.

As cenas mais brutais (vampiros fazendo “vampirices”) são intercaladas com cenas que eu, particularmente, classifiquei como engraçadas. Obviamente nada surpreenderia mais um ser de outro século do que roupas com uma etiqueta contendo palavras como “Fórum”, “jeans” e “tamanho 44”. É interessante observar sua visível falta de conhecimentos sobre os meios de transporte que usamos se contrapondo á sua maestria em pedir carona.

A história é extensa, mas se desenrola em pouco dias. Depois de fugir e recuperar suas forças, Inverno volta para o galpão onde acordou, mas só encontra Manuel, que foi mantido ali como uma isca para uma arapuca. Após uma pequena briga com o exército, da qual a última parte sai perdendo feio, Manuel e Inverno vão á procura dos outros irmãos, que estão em outra cidade. Depois de despertar todos os vampiros possíveis, exceto Sétimo, eles vão atrás de Eliana, a donzela em perigo da história. Por que? Porque ela foi quem deu a primeira gota de sangue para Inverno, sem querer diga-se de passagem, e ele se acha dono dela (vilões fazendo “vilonices”).

Nesse meio tempo temos Thiago, sujeito que é mais importante na história do que parece. Ele ajudou a descobrir a caravela onde estava a caixa de prata na qual os vampiros estavam trancados, ajudou Eliana a fugir pra São Paulo quando viu que Inverno iria buscá -la, enfrentou seis vampiros de peito aberto umas três ou quatro vezes em menos de uma semana e ainda fez amizade com Miguel, o Gentil, um dos vampiros (!). Pelo epílogo, Thiago é personagem importante no livro seguinte.

No geral, a obra é boa, conta com momentos de comédia que ajudam a aliviar os momentos mais pesados. Como é de costume, fiquei meio perdida na narração dos combates, mas nada que prejudicasse a ideia geral (quem está batendo e quem está acompanhando). O enredo é cheio de reviravoltas inesperadas. Pode parecer clichê, mas são poucos livros que conseguem me surpreender, já que muitos se tornam previsíveis a partir de um ponto. Gostei muito da forma como os vampiros são retratados, em alguns momentos sentimos raiva deles pelas atrocidades que cometem, em outros nos solidarizamos com aqueles seres que estão perdidos e longe de casa. Em minha opinião, poderia ter mais explicação sobre os passado deles, mas creio que isso ficou a cargo dos próximos livros da série.

A história é empolgante e eu recomendaria para quem gosta do gênero. Durante a leitura só fiquei um pouco incomodada com alguns errinhos no uso da pontuação, o que ás vezes me deixavam perdida. Entretanto meu exemplar é em e-book, e creio que o problema deve ter sido contornado em outras versões ou edições.