quinta-feira, 16 de abril de 2015

Resenha #2 O Reino das vozes que Não se Calam

SINOPSESe você encontrasse um lugar onde todos o aceitassem seria capaz de abandoná-lo? Sophie se esconde de todos e de si mesma: insegura, não consegue enxergar sua beleza e talento, e sente dificuldade em se relacionar com os outros. Seu dia a dia se perde entre os caminhos tortuosos dos que convivem com a depressão e o bullying e a jovem aos poucos vai se fechando na escuridão de seus pensamentos. Desamparada e sem coragem de lidar com seus problemas, ela acaba descobrindo um lugar mágico: um Reino onde as vozes não se calam e as criaturas encantadas se tornam reais. Um local colorido onde ela finalmente poderá se encontrar. Dividida entre a realidade e a fantasia, Sophie contará com a ajuda preciosa de um rapaz comum e uma guardiã encantada, que lhe mostrarão os segredos da alma e a farão decidir se vale a pena enfrentar seus medos ou viver em um eterno conto de fadas.

     Temos o lançamento de Sophia Abrahão como escritora, juntamente com a Carolina Munhoz. Uma capa super-fofa. Com páginas amareladas para marcar a pegada conto de fadas do livro, realçada pelos arabescos existentes na aberturas dos capítulos.
     Aqui temos a história de Sophie, uma adolescente de 16 anos que basicamente odeia a vida que possui. Enxerga as pessoas em tons de cinza e não gosta dos colegas de escola. O motivo? Ela não aceita as afrontas recebidas por eles. Por ser alta e magra, alguns adolescentes chamam a moça de anoréxica e coisa do tipo.  Com a perseguição recebida, Sophie faz o mesmo que muitos em situação parecida: acaba se isolando de todos na tentativa de não chamar atenção e provocar mais ofensas. 
     A única "ligação" de Sophie com o mundo na escola é sua amiga de longa data, Anna. Amigas desde o ensino fundamental, são bem diferentes, pois Anna é a garota popular da escola. O desentendimento entre as duas, que é acompanhado de uma cena mega humilhante para Sophie, é a gota d'água que faltava para Sophie explodir, em total aversão ao mundo que a cerca. Como "resultado" ao dormir ela é literalmente sugada para uma outra dimensão.

"Sua vida está escura como esse tecido, embora você sempre brilhe no mar de lamentações de seus dias. Se não existisse luz em você, seria impossível localizá-la."

     Onde ela posteriormente chama de "O Reino das vozes que não se calam". Um lugar onde as flores cantam, é cheio de cor e existem inúmeras criaturas diferentes de tudo que a jovem já conheceu. Além disso, encontra uma suposta avó que é a rainha do local, o que faz de Sophie a princesa do Reino. Temos também o Primeiro Ministro-Phix- e seu gato chamado Jhonx que age como um humano, e ainda é super elegante. E temos a Sycreth -minha personagem preferida- que é uma guardiã, tanto dos segredos do Reino, como para a Sophie. E uma amiga leal e companheira. No reino ela sente-se amada e aceita como ela é.
     Com esta jornada ela passa a ter uma tremenda ansiedade para estar sempre voltando ao local. Neste ponto, ficou um tanto cansativo ver o quanto ela desprezava o mundo, e principalmente as pessoas ao redor por causa do Reino.
Isso torna-se possível com a aproximação que temos com os personagens, que considero o ponto mais positivo da história. Os pais de Sophie, Laura e George, demonstram uma preocupação bem verdadeira com a filha, são super presentes na vida dela.

"A mãe suspirou, sabendo que uma coisa ninguém tiraria da filha: ela era forte. Tinha orgulho da personalidade dela, mas sabia da barreira necessária para ser tão imbatível"
"Vê-la com os olhos tristes havia quebrado seu coração em milhares pedaços. Ela era preciosa demais para todos eles, e tinha vontade de sofrer em seu lugar"

     Temos o Léo, um aluno novo que é um príncipe perfeito para uma menina que curte ouvir rock e é adepta ao estilo grunge . Ele até passa a apelidar a Sophie de AC/DC... E o que ela faz com o moço super-fofo??? Ignora...Mesmo com a forma sutil em que ele se aproxima dela.

"Desde a primeira vez que as vira, sabia que ela era como um passarinho com asas quebradas. Não queria consertá-las. Mas gostaria de tentar encorajá-la a se curar e voar"
"Sério que nem vai fingir que a ligação caiu?- falou o garoto do outro lado da linha- Dá pra ouvir a sua respiração."

      Temos também a Mônica, amiga do Léo que ao se aproximar da Sophie demonstra-se uma ótima amiga e conselheira.
     Entre um mundo e outro, vemos Sophie fazendo a escolha entre os dois mundos, que acarreta consequências em ambas dimensões.
    Um livro interessantemente leve. Não considero-me uma fã de fantasia, pois a apresentação de um novo mundo acaba me entediando. O que não acontece aqui. Pois conhecemos o Reino enquanto ele é apresentado a Sophie, aos poucos a cada visita. Gostei dos personagens, apesar de achar a Sophie muito dramática e depressiva.

"Ninguém pode fazer outra pessoa feliz. Nós precisamos encontrar a nossa própria felicidade. Eu nunca achei que fosse digna de ser feliz. Esse sempre foi o grande problema."

     Entretanto vemos que ela teve motivações para ela ter esta atitude. O livro é engajado em trazer a temática do bullying, o este tipo de violência interferem nas vítimas que passam por tudo em silêncio. Senti falta de uma maior descrição do local em que a Sophie mora, como espaço urbano e tudo mais. Mesmo sendo uma história que pode acontecer em qualquer lugar, seria interessante uma maior descrição. Mas a forma em que o Reino é construído, de forma leve que não cansa o leitor, compensa um pouco. 
     O Reino das Vozes que não se Calam, é um ótimo complemento ao repertório de literatura juvenil nacional. Consegue trazer uma fantasia leve, sem cansar o leitor. Ótimo para quem curte a pegada de estar entre uma dimensão e outra, entre a fantasia e a realidade. Com uma nova dimensão muito bem construída. E para aqueles ainda não se aventuraram em outros mundos e pretendem começar a se jogar em outras dimensões, é um ótimo ponto de partida.
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